Minha querida presidenta,
Aqui no brejo, nós mulheres sabemos que não é fácil enfrentar esse mundo tão machão. Fico pensando como deve ser pra senhora aí neste pântano de Brasília. Tem uma porção de excelências que se dedicam a tomar conta do alheio (no pior sentido da conta) em horário integral, né não?
Pois é, o Jânio disse que ia vassourar, não vassourou; o Collor disse que ia caçar os marajás e não caçou, alguns companheiros disseram que eram éticos, botaram aquela estrela no peito e olha, não vou nem comentar...
Quer saber? A senhora tem todo o direito de meter o rodo na cabeça deles com toda a força!
O problema que eu vejo, dona presidenta, é o seu estopim pra lá de curto. Eu sou perereca escolada, acho que posso lhe dar uns conselhos. Aqui no brejo tem sapo querendo me passar a perna (pra não dizer outras coisas) toda hora. Sabe o que eu faço? Não brigo nunca. Faço de conta que não estou entendendo, escorrego daqui, escorrego dali, ninguém se sente ameaçado comigo. É uma técnica que eu aprendi, porque sapo quando fica com raiva mija na cara da gente, sabia?
Então, eu penso o seguinte: se a senhora fizer umas aulinhas de ioga toda manhã, vai ficar mais calma com todos os safados e incompetentes – não sei o que é pior. Ficando mais calma, eles não vão perceber o que a senhora já percebeu, entende? Não vão sair aí pelo pântano fazendo pirraça nem conspirando antes da hora.
Mas, na hora certa, faxina neles! E, se os amigos vierem reclamar, faz de conta que já acabou. Afinal, eles são ótimos, não são?
Com o afeto da
Perereca
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