A Perereca saltita de um lado pro outro em todo o brejo e pode coaxar à vontade. Liberdade de ir e vir, liberdade de expressão – isso tudo ela tem, só precisa tomar cuidado com os predadores.
__ Olho vivo, minha Perereca, senão a cobra te come!
Mas, seus seguidores sabem, a Perereca também gosta de ler jornal e a imprensa é, pelo menos teoricamente, livre. Então ela fica sabendo sobre todos os levantes do Oriente, sobre os movimentos do tipo “Ocupem Wall Street”, vê uma turma acampada na Cinelândia, no Rio, e se pergunta:
__ Mas, afinal, o que é que esse povo quer – à vera?
Tinha um gatonet do vizinho lá no brejo e a Perereca aprendeu naquele seriado House que “todo mundo mente”. O cara fala uma coisa e quer dizer outra; está encobrindo outra. É ou não é assim naquelas salas de pesquisa?
Pois é: a Perereca chegou à conclusão que a liberdade que todos querem é o “direito de ter”. Todos que não têm estão de saco cheio desse negócio compulsório que chamam de desigualdade social.
Como é que se resolve isso? A Perereca gostaria de saber. O que ela já sabe é que o capitalismo é perfeitamente compatível com a escravidão; neste sistema, os mais aptos, baseados no “espírito competitivo”, consideram perfeitamente legítimo tirar da cena econômica os menos aptos. Como os menos aptos ficam cada vez melhor informados, pode ser que o ecossistema não se sustente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário