VAI PAGAR O ENGENHEIRO?

Lá no brejo, você sabe, não existe curso de licenciatura. É ouvindo que se aprende.  Ou então fazendo. O ensino fundamental manda jogar uma língua comprida no mosquito e pronto: tá no papo. Já o MBA diz o seguinte: se aparecer uma cobra, salta logo; ou então, se você for uma Perereca colorida, mija veneno nela.

A sobrevivência da bichinha não tem moral, mas ela lê nos jornais que no mundo dos homens é diferente. Todo mundo tem moral, ou deveria ter. Vejam a pérola que nos lançou o Jabor: “Os canalhas são a base da nacionalidade”. Só que ele estava falando dos canalhas evidentes, a começar por aquela turma que gravita em Brasília.

__ Pois a Perereca, do alto do seu posto de observação, acha que somos todos nós, mesmo! Quem é que chama um engenheiro para calcular uma reforma? Quem faz ou já fez gato na água, na luz ou na NET? Quem nunca furou uma fila? Quem já procurou “arranjar” uma boquinha na administração pública, para si, para amigos ou parentes? Quem recusou todo tipo de prestação de serviços envolvendo os canalhas mais evidentes? Quem já procurou emprego nas empresas de ética duvidosa?

A carapuça não lhe serve de jeito nenhum? Parabéns, você não está na base da nossa nacionalidade. Porque o Brasil parece uma grande Italia, onde tudo vira zona e toda zona é permitida. Somos permissivos, somos passivos diante do que sabemos maléfico, somos amistosos, carnavalescos - isto sim. Pode ser que um dia o bate-boca da internet modifique nossa postura. Por enquanto, ainda não teve sucesso.

ESTUPRO? MAS COMO?

Responda rápido: em que consiste uma casa em que pessoas protagonizam cenas de sexo com o intuito de ganhar fama e dinheiro? Prostíbulo, bordel, lupanar, rendez-vous? 

E um programa de televisão poderia ter essas conotações todas? Se as cenas que sugerem sexo forem de grande interesse da audiência, o programa poderia se chamar “Big Bunda Lelê”, “QCQ - Quem come quem” ou coisa parecida?
 
Pois é, a Perereca nunca ouviu falar de estupro em casa de tolerância...

DEU RATAZANA NO SENADO

Perereca, todo mundo sabe, gosta de água. Mas não custa dar umas saltitadas por outros tipos de pântano, de vez em quando, para saber o que estão fazendo com o seu futuro.

E não é que ela foi encontrar ratos de verdade no Senado Federal, nossa chamada Câmara Alta? Não, não são aqueles de paletó e gravata não. São os outros. Uma funcionária da Secretaria Geral da Mesa do Senado foi mordida por um rato na última quarta-feira, ainda não se sabe se foi contaminada por um mal maior do que estar lá.

E danaram a desratizar os gabinetes, pois uma ratoeira antes instalada não deu conta do recado. E ninguém mais trabalha, só segunda-feira.

Pois é, “rato” também tem direito a descanso remunerado.

AS ENCHENTES ESTÃO DE VOLTA

Perereca devia gostar de água, mas não dessa maneira. De verdinha e inofensiva que era, a nossa Perereca já está ficando rubra. Excitação nervosa! E quando ela é rubra, você sabe, é altamente venenosa.

Pois não é que essa chuvarada de verão já estragou meio Brasil, fez gente desabrigada, gente que perdeu tudo, gente morta e, entra ano sai ano, as obras anunciadas não são feitas, o dinheiro não aparece – uma hora porque foi roubado, outra hora porque esbarrou nas “dificuldades burocráticas”, outra hora porque foi desviado para algum reduto eleitoral! Faça-me o favor! Você já reparou nos olhinhos dos girinos que perderam tudo?

Enquanto muda de cor, a Perereca lê Gustavo Krause: “A burocracia deixou de ser instrumento do poder e passou a ser o próprio poder, um podre poder... Em qualquer setor e em qualquer nível da administração pública, impera a corrupção sob o manto das formalidades cumpridas e a impotência dos órgãos fiscalizadores. Somente a inteligência investigativa desvenda o que está por trás das “licitações” e dos negócios que envolvem o dinheiro do contribuinte.”


A Perereca fala para os seus botões.
__ Será que vai ser sempre assim? A grande maioria da sapaiada vai continuar verdinha, passiva, esperando que o desgoverno resolva seus problemas?